quinta-feira, 8 de julho de 2010

O renascimento de uma grandeza


Eu já tinha avisado antes das semifinais que o Uruguai estava feliz por tudo, por enganar a lógica e ir mais longe que os outros sul-americanos, por resgatar um respeito esquecido depois de tantos anos, por fazer uma nação 3,5 milhões de habitantes felizes depois de ver seu esporte preferido cada vez mais desacreditado pelo mundo, mas principalmente por relembrar a todos que sua seleção já foi grande, na verdade é grande, a grandeza de uma equipe é eterna, mas a uruguaia estava adormecida...

Nesta Copa, puxamos na memória e nos almanaques, e vimos que aquela celeste foi a primeira a reinar na América do Sul e no mundo, ao mesmo tempo ficávamos abismados com uma equipe que parecia tão sem qualidade, a exceção de Forlán que foi passando fase a fase, como que empurrada por uma força maior, com a raça de sempre que me faz inveja não ver uma coisa parecida na Seleção Brasileira.

Acho que essa força é o futebol antigo, clássico, dos craques de antes que encantaram o mundo, e viu alguma coisa parecida nessa seleção, resolveu empurrá-la, o velho futebol uruguaio do nada resolveu voltar. Aquela mão de Suárez para mim representou tudo, representou a vontade de ganhar, representou o que jogar por sua nação representava para aqueles jogadores, que não se incomodaram estar na era high-tech para nos mostrar o futebol que infelizmente não tivemos a oportunidade de ver.

Na verdade, se tratando dos nossos vizinhos, praticamente tudo é de se abismar, primeiro sendo tão grande ao mesmo tempo em que é tão pequeno, falo que por causa da sua população, o Uruguai deve ter sido a maior proporção de craques por jogador profissional, é meio improvável alguém ter alcançado tanto com tão poucos recursos populacionais, é um país privilegiado. Também é improvável vendo a estrutura do campeonato local, praticamente a mesma de 80 anos atrás, coisa que até campeonatos amadores podem ter melhor sem esforço. Os clubes convivem na precariedade e nos salários baixos, quem joga em time pequeno não pode viver do futebol somente.

Um improvável futebol que desapareceu do nada, e não vou me atrever aqui a dizer que reapareceu, é heresia, esse time não pode ser comparado aos de 30 e 50, mas resquícios dele apareceram sim, pelo menos o lado vencedor que contagiou os atuais comandados.

E bateram de frente com todo mundo, mostrou a Holanda que não estava duelando com uma qualquer, tinha que respeitar uma equipe maior que eles, e dane-se a invencibilidade, a maior qualidade, a badalação, campo de jogo não era para aquilo, não quando se enfrenta a celeste aguerrida.

Perdeu, mas isto pouco importa, também pouco importa se terminar em 3° ou em 4° lugar. O importante já foi feito, a camisa celeste que tanto pesa acordou de seu sono, fez limitados irem longe e mostrou uma luz no fim do túnel para o futebol que tanto representou. O Uruguai caiu de pé, o Uruguai está feliz...

foto: Equipe uruguaia campeã de 1930

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