quinta-feira, 15 de julho de 2010

Balanço da Copa

A Copa do Mundo terminou, vai demorar para nos acostumados ao clima normal, mas ela agora só volta em 2014, agora em casa.

Esta deixa um legado, a primeira Copa em continente africano se desenrolou tranquilamente, sem sobressaltos, ou seja, um horror para os preconceituosos temerosos que uma Copa lá nunca desse certo, mas não, boa organização, algumas limitações inevitáveis, pois África do Sul é bem diferente de Alemanha, tolice comparar as duas competições, mas no geral saiu tudo bem.

Quanto ao nivel técnico, não achei bom, poucos gols (só foi melhor que a Copa de 90), sem lindas jogadas como em outras Copas, mas não foi um horror como tantos dizem, após uma primeira rodada horrorosa, a competição se recuperou e manteve um nivel razoável até o final.

Campeão justo e melhor jogador escolhido com justiça, como já frisei anteriormente.

Agora resta a África do Sul aproveitar todos os benefícios que o Mundial trás, e não transformá-los em prejuizo, o que também pode acontecer. Espiritualmente, digamos assim, é impossivel tirar resultados ruins, a competição foi uma luz para a África, o orgulho de todo o continente, que muitas vezes é lembrado somente pela miséria e pobreza, mas agora todos sabem que isso é muito pouco diante da sua beleza e da beleza de seu povo.

Mas também tem que aproveitar 'materialmente' a competição, o que foi feito ou melhorado não pode ser largado ou esquecido a partir de agora, tem que continuar em atividade, e em benefício do povo que é o principal.

Que os belissimos estádios não se transformem em "elefantes brancos".

Agora é a vez do Brasil, país parecido com a África do Sul, com alguns aspectos melhores e outros piores que lá. Que copie os acertos de 2010, e procure não repetir os erros. Agora a responsabilidade é nossa!

Com este post eu encerro as atividades deste blog que tentou cobrir ao máximo os acontecimentos desta Copa histórica, sendo mais uma fonte de informação ao leitor, tentando resumir o sentimento de um torcedor do bom futebol. Obrigado aos que leram e gostaram, até 2014!

terça-feira, 13 de julho de 2010

O melhor sem badalação


O segundo maior prêmio da Copa foi anunciado minutos após a conquista espanhola, para espanto da maioria o prêmio foi entregue ao uruguaio Diego Forlán. O pensamento geral é que iria para um dos finalistas, talvez para o autor do gol decisivo Iniesta, ou Snejder do lado laranja.

Na verdade, a FIFA foi justa como poucas vezes costuma ser, talvez essa justiça aconteceu porquê a escolha não dependia da própria FIFA, foi feita pelos jornalistas que cobriam o Mundial, estes, com seu olhos atentos e mentes profissionais abertas para todas as equipes, escolheram realmente o melhor.

A Copa de 2010 não foi um espaço para grandes brilhos como outras, nada espetacular, foi o Mundial dos coletivos. E é ai que se destaca Forlán, um atacante de muita classe e faro de gol apuradissimo.

Em uma equipe limitada, Forlán era o diferenciado, e certamente foi o maior responsável pelo o Uruguai, tão supreendente quanto, chegar aonde chegou. E o mais impressionante: jogando fora de sua posição! Com carências de meio-campo, o jogador foi recuado e se transformou em um meia de ligação, deu certo! E nem por isso os gols desapareceram, com 5, inclusive um golaço na decisão de 3° lugar, foi um dos artilheiros.

Um jogador sem badalação, marcado por ter ido mal na única oportunidade em um clube grande que teve, mas que deu a volta por cima na Espanha e se consagrou nesse Mundial. Forlán jogou muito, foi o melhor com justiça!


foto: Rodrigo Arangua/AFP

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Fúria Mundial !


Temos mais um integrante no seleto e honroso clube dos campeões mundiais, na histórica e emocionante final inédita da primeira Copa em continente africano a Espanha se deu melhor, na primeira final de sua história ela sai com o direito de carregar uma estrelinha amarela no peito, coisa que já orgulhava sete nações pelo mundo afora.

Não foi fácil, os espanhóis tiveram que superar muitas coisas para chegar lá, a maioria que nem entra em campo ou pouco tem a ver com o futebol. Superou primeiro a desconfiança que tinha desaparecido com o titulo da Euro, primeira consagração dessa geração, mas teimou em aparecer novamente com a derrota para os EUA na Copa das Confederações. Sábia derrota, talvez uma vitória ali iludisse os espanhóis como nos ilude, e o fizesse perder o foco do titulo maior.

Teve que enfrentar a agressiva fama de “amarelona”, principalmente após a derrota para a Suíça. Sábia derrota, ela foi a responsável para que resolvessem os erros e focassem ainda mais no objetivo. Talvez sem ela, não fosse tão longe...

Uma certeza eu tenho, ganhou o melhor time, a melhor seleção atual. Se me perguntarem se ganhou o melhor futebol da Copa? Digo que não, e não é que a Espanha jogou mal, mas equipes como Alemanha e Argentina foram mais soltas durante a competição, e o melhor, converteram o bom futebol em gols, coisa que a campeã teve dificuldades: a partir das oitavas, apenas resultados magros.

Não ganhou o melhor futebol, mas como já disse, ganhou o melhor time, que teve resultados fantásticos durante esses quatro anos, desde aquela equipe que também encantou na primeira fase de 2006, mas não resistiu à França. Na final eram sete jogadores do Barcelona e três do Real Madrid (sendo que David Villa ainda vai jogar pelo Barça), e ai está o segredo para a principal característica deles, o volume de jogo, o toque de bola. Impossível não haver um entrosamento com uma base sólida deste Barcelona que também encantou nos últimos anos, diferença paras as equipes sul-americanas que são um costurado de clubes europeus, e antes de tudo tem de buscar entrosamento.

Na final nervosa e violenta de ontem, sinal de como estavam as equipes: ansiosas para dar o primeiro titulo aos respectivos países. Iniesta só sentenciou no segundo tempo da prorrogação deixando o herói Casillas, que já havia salvado a equipe no tempo normal, em prantos, mostrando a importância daquele feito para todos. A Holanda fica com o sentimento de que ainda não poderia ser desta vez, ainda falta alguma coisa a mais para a equipe, talvez mais grife, como o adversário tinha. Ali havia Robben, Sneijder, Van Persie e depois apenas uma equipe comum, diferente dos campeões, que se davam ao luxo de ter um Fábregas no banco. Uma coisa que eles já contaram no passado, mas que diferente desta mais modesta, não chegaram a final. Mas está de parabéns pela campanha invicta nas eliminatórias e no Mundial, mereceu chegar onde chegou.

Por último, cito que La Roja ainda teve que superar o trauma de nunca passar das quartas, superou, foi mais longe, confirmou as expectativas, já dois anos atrás essa geração nos mostrou que era mesmo campeã, em 2014 eles vão defender sua taça, e nós que vamos ter que correr atrás. Azar de quem não acreditou...


foto: Reuters

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Copa inédita, final inédita



Está chegando a hora que todos esperavam, só que ao mesmo tempo dá uma pontinha de tristeza porquê vemos que a Copa da África está acabando, e nada melhor para uma Copa inédita do quê uma final inédita.

Teremos um novo campeão no hall dos campeões mundiais, os postulantes a sentir essa glória pela primeira vez são Holanda e Espanha.

Tradicional por tradicional, a Holanda é mais, já tem duas finais nas costas, na época do famoso carrosel comandado por Cruijff, perdeu as duas. A terceira chance do tão sonhado titulo é domingo, vem com uma equipe não tão talentosa quanto aquela, mas muito eficiente, chega com 100% de aproveitamento, não só na Copa, como nas eliminatórias, venceu todos. Pode não apresentar o tão aclamado "futebol-bonito", mas deve alegrar sua torcida por chegar aonde chegou.

É uma equipe que não é recheada de estrelas, diferente dos adversários, mas tem bons jogadores em todas as posições, os cargos de protagonistas são de Robben e Sneijder que realmente fazem a diferença. Tem um mesmo problema da Espanha, seu atacante de área não entrou na Copa, Van Persie. Além disso, como os espanhóis, abusam de perder gols, talvez do contrário não tivessem sofrido tanto para passar das fases mata-mata...

A Espanha confirmou mesmo as expectativas, passou por uma Alemanha embaladissima e está na final, como muitos previam pelo time que tem. Time, esse é o segredo, a Fúria não é um amontoado de craques, é uma equipe, ai está a diferença.

Badalados eles são muito, isso pode ter atrapalhado na estréia contra a Suiça, improvável derrota, muitos já viram a famosa "amarelada", mas depois disso venceu todos, assim como a Holanda, no aperto, mas pelo menos podem dizer que pegaram adversários mais dificeis.

Sem brilho mas estão lá, perto do objetivo, com um meio espetacular e David Villa decidindo a frente, os espanhóis tem o volume de jogo como sua marca, contra a Alemanha tiveram mais de 60% do dominio de bola, erram pouquissimos passes, esse é o segredo da vitória, e o qual os holandeses tem de focar em evitar, do contrário, a Fúria terá meio caminho andado para a consagração...

Domingo será o final da Copa, a Copa do Polvo, a Copa de Larissita Riquelme, a Copa de Holanda ou Espanha, a Copa da África!

Disputa de motivados e (ou) desconsolados

Eu já li uma vez uma coisa bem interessante sobre as decisões de terceiro lugar, falava que esses jogos se definem pelas seleções que as disputam. Explico: uma disputa entre duas seleções não tradicionais, tendo isso como o principal feito de seu país torna uma partida emocionante, até mais que uma final. Mas se a disputa é de duas equipes tradicionais, que queriam mais e vem abaladas pela derrota nas semifinais, a coisa tende a ser morna...

Acho que a situação de amanhã não se encaixa em nenhuma das duas citadas, se temos duas seleções tradicionais, inegavelmente, e a Alemanha se encaixa perfeitamente na segunda situação citada, o Uruguai, apesar de tudo, de não ser o maior feito do país em copas, longe disso, deve vir muito motivado, porquê o 3° lugar vira uma espécie de maior feito, por todo o passado recente que já falei muito no post anterior. O 3° lugar é um titulo para uma campanha tão decente e tão de encher os olhos como a uruguaia.

Os alemães tem um melhor futebol, mas a perda nas semifinais foi um balde de água-fria depois das goleadas que fizeram todo mundo apontá-la como favorita (menos Paul), não só para passar de fase mas para ser campeã.

Motivação conta muito em um jogo desses, e equipes qualificadas já viram que não é nada fácil enfrentar um Uruguai motivado...

quinta-feira, 8 de julho de 2010

O renascimento de uma grandeza


Eu já tinha avisado antes das semifinais que o Uruguai estava feliz por tudo, por enganar a lógica e ir mais longe que os outros sul-americanos, por resgatar um respeito esquecido depois de tantos anos, por fazer uma nação 3,5 milhões de habitantes felizes depois de ver seu esporte preferido cada vez mais desacreditado pelo mundo, mas principalmente por relembrar a todos que sua seleção já foi grande, na verdade é grande, a grandeza de uma equipe é eterna, mas a uruguaia estava adormecida...

Nesta Copa, puxamos na memória e nos almanaques, e vimos que aquela celeste foi a primeira a reinar na América do Sul e no mundo, ao mesmo tempo ficávamos abismados com uma equipe que parecia tão sem qualidade, a exceção de Forlán que foi passando fase a fase, como que empurrada por uma força maior, com a raça de sempre que me faz inveja não ver uma coisa parecida na Seleção Brasileira.

Acho que essa força é o futebol antigo, clássico, dos craques de antes que encantaram o mundo, e viu alguma coisa parecida nessa seleção, resolveu empurrá-la, o velho futebol uruguaio do nada resolveu voltar. Aquela mão de Suárez para mim representou tudo, representou a vontade de ganhar, representou o que jogar por sua nação representava para aqueles jogadores, que não se incomodaram estar na era high-tech para nos mostrar o futebol que infelizmente não tivemos a oportunidade de ver.

Na verdade, se tratando dos nossos vizinhos, praticamente tudo é de se abismar, primeiro sendo tão grande ao mesmo tempo em que é tão pequeno, falo que por causa da sua população, o Uruguai deve ter sido a maior proporção de craques por jogador profissional, é meio improvável alguém ter alcançado tanto com tão poucos recursos populacionais, é um país privilegiado. Também é improvável vendo a estrutura do campeonato local, praticamente a mesma de 80 anos atrás, coisa que até campeonatos amadores podem ter melhor sem esforço. Os clubes convivem na precariedade e nos salários baixos, quem joga em time pequeno não pode viver do futebol somente.

Um improvável futebol que desapareceu do nada, e não vou me atrever aqui a dizer que reapareceu, é heresia, esse time não pode ser comparado aos de 30 e 50, mas resquícios dele apareceram sim, pelo menos o lado vencedor que contagiou os atuais comandados.

E bateram de frente com todo mundo, mostrou a Holanda que não estava duelando com uma qualquer, tinha que respeitar uma equipe maior que eles, e dane-se a invencibilidade, a maior qualidade, a badalação, campo de jogo não era para aquilo, não quando se enfrenta a celeste aguerrida.

Perdeu, mas isto pouco importa, também pouco importa se terminar em 3° ou em 4° lugar. O importante já foi feito, a camisa celeste que tanto pesa acordou de seu sono, fez limitados irem longe e mostrou uma luz no fim do túnel para o futebol que tanto representou. O Uruguai caiu de pé, o Uruguai está feliz...

foto: Equipe uruguaia campeã de 1930

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Haja qualidade, amigo!


As semifinais começaram com estilo, que jogão aquele Holanda x Uruguai! E a Holanda está lá, a um passo da glória, e o Uruguai se despede de pé, guerreiro como sempre, mas depois eu comento isso. Uma coisa é mais do que certa, pela primeira vez a Europa vai ver uma seleção sua campeã fora de seus dominios. Hoje é hora de Espanha e Alemanha duelarem para saber quem é o adversário dos laranjas, e o que não falta neste jogo é qualidade.

A Alemanha é literalmente a sensação da Copa, um time jovem habilidoso que contraria o estilo alemão de jogar futebol, o futebol apresentado por Özil, Shweinsteiger e Cia é leve e mortal. Os contra-ataques são dificeis de segurar. A equipe, que não estava com essa bola toda antes do Mundial já fez 3 goleadas: 4 x 0 em Austrália e Argentina e 4 x 1 na Inglaterra. Retrospecto melhor, impossivel? Acho que não. Em contra-partida, a equipe 'travou' contra Gana e Sérvia, uma vitória magra e uma derrota, todas por 1 x 0, tiveram até o dominio do jogo, mas não conseguiram converter as chances.

Outro ponto fraco é a perda de Müller suspenso, que fez dois gols na Argentina, e tem quatro na Copa, Cacau deve substitui-lo. Mas Klose deve vir motivado, só falta um gol para empatar com Ronaldo, como principal artilheiro de todas as Copas.

A Espanha é o contrário da Alemanha, chegaram como os mais badalados para o Mundial, mas se por um lado estão onde todos imaginavam estar, disputando um titulo, por outro decepcionam com um futebol que mantém o dominio no jogo, mas que não consegue convertê-lo em gols, são vitórias magras, e muitas chances perdidas. Foram apenas seis gols do Mundial, cinco de David Villa, que realmente vem fazendo a diferença e é o artilheiro da Copa, mas os alemães, só nos últimos dois jogos, conseguiram fazer mais que o total espanhol.

Mas como eu disse, não decepcionaram na campanha, já é a melhor espanhola em Copas, superaram os "trauma das quartas-de-final", das quais nunca conseguiam passar, e estão felizes, mas claro que querem mais, porquê aterrisaram na África atrás de algo a mais. Os nomes ajudam, o meio-campo é espetacular, o grande problema da Espanha é que Villa está sozinho para decidir lá na frente, Torres, que veio baqueado, está fazendo uma Copa terrivel, e já poderia estar no banco, a entrada do bom Llorente poderia melhorar a situação.

O segundo duelo destas semifinais é muito equilibrado, eu vejo duas situações: Se o futebol apresentado pelas duas seleções no último jogo for o mesmo, acredito na Alemanha. Mas se os espanhóis encaixarem o futebol de acordo com a qualidade que tem, além de Müller fazer falta do outro lado, pode dar Espanha como na Euro 08, na qual os germânicos estão engasgados.

Aguardemos o desfecho!


foto: Reuters / Globoesporte.com

terça-feira, 6 de julho de 2010

Eficiência x Tradição


Agora é tudo ou nada, quem quiser continuar sonhando com a glória vai ter que vencer e dar o penúltimo passo para tal. Quem perder pode ter dois sentimentos: Um de orgulho pelo bom resultado e por ter ido longe, ou então de decepção pelo mesmo motivo, sendo derrotado quando quase chegava lá. De qualquer forma, para dois sobrarão a final, para outros dois, um consolo da disputa do terceiro lugar.

O titulo acima é o que reflete o confronto de hoje, de um lado os eficientes e pacientes holandeses, que se não dão show, até agora cumpriram todo o script, com 5 vitórias em 5 jogos. Do outro lado, temos o resgate da tradição do bi-campeão Uruguai, que depois de muitos anos de decadência, faz uma campanha digna da sua história, pode ser a reabilitação de um futebol tão tradicional.

A Holanda é conhecida por uma coisa: ter uma certa obrigação de jogar um futebol bonito de se ver, do contrário, é cobrada, não basta vencer. A equipe foi arrasadora nas eliminatórias, com 100% de aproveitamento e foi uma das primeiras a se classificar. Mas parece que para o Mundial a filosofia mudou, diferentemente dos alemães, por exemplo, a equipe tem se caracterizado por vitórias apertadas, mas mesmo assim elas vêm acontecendo, deixando a equipe com a melhor campanha até agora, a única com 100% de aproveitamento. E nestas horas decisivas o importante é vencer de qualquer jeito, então acho que os torcedores não vão reclamar de um 1 x 0 magrinho, é a grande chance dos laranjas conquistarem seu primeiro titulo, coisa que nem Cruijff conseguiu...

A equipe conta com dois desfalques, por suspensão, perderá no apoio pela direita sem a presença do bom Van der Wiell, e também na segurança pelo meio com De Jong, mas as apostas são as de sempre: Sneijder que destruiu o Brasil e vem jogando demais, e Robben que se não atormenta na bola, cava expulsões e ajuda de qualquer jeito. Além disso, há o fato de que qualquer equipe vem com muita moral depois de derrotar o Brasil.

O Uruguai deve estar profundamente feliz, o que imaginar de uma equipe desacreditada depois de tantos anos de decadência, que mais uma vez sofreu em uma repescagem para estar no Mundial, e que via sua história gloriosa ficar bem para trás? Tudo menos estar em uma semifinal, algo perfeitamente normal em tempos antigos, vendo seus irmãos sulamericanos todos fora, representando sozinho o continente. Pelo passado, a equipe tem todo o direito de querer mais, não é nenhuma equipe pequena que chegou ai por acaso. Mas pelo presente, se cairem agora, cairão felizes, pois recuperaram um respeito que o pequeno país não via mais, indo as semifinais depois de 40 anos.

A classificação contra Gana foi heróica e sofrida, como tudo no Uruguai, mas custou dois de seus principais jogadores: Luis Suárez, que jogou na loteria ao fazer aquele pênalti quando a bola ia entrar e jogar tudo fora, mas ganhou o prêmio improvável ao Gyan desperdiçar e posteriormente a celeste se garantir nos pênaltis, e Lugano, lider da defesa, que se machucou na partida, provavelmente não joga.

A defesa, um dos pontos fortes, vai ter que se virar sem ele, e o artilheiro Forlán desta vez terá mais responsabilidade sem o companheiro de ataque, agora é ele que vai comandar sozinho as aventuras ofensivas uruguais, qualidade ele tem.

Amanhã falo da outra disputa.

foto: EFE / Globoesporte.com

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Uma derrota justa


O titulo é a primeira coisa que tenho a dizer sobre o jogo entre Brasil e Holanda, sem influência do árbitro, sem um domínio total brasileiro, enfim, perdemos para nós mesmos, quando tínhamos o domínio não fizemos mais, quando a Holanda estava melhor e empatou, virando em seguida, não tivemos equilíbrio psicológico para tentar mais nada, perdemos para a cabeça fria e paciência do equilibrado time holandês, que tiveram o mérito de aproveitar quando estavam melhores para fazer o resultado que lhes interessava, e depois apenas administrar, com chances até de fazer mais.


O jogo foi de dois tempos distintos, que de certa forma caracterizam o equilíbrio entre as duas seleções, no primeiro só deu Brasil, um gol logo no começo de Robinho para tranqüilizar o time, após belo passe de Felipe Melo (literalmente o nome do jogo!) ajudaram muito, além de marcar bem e não dar espaços para os craques do time laranja, a Seleção ainda colocava os lentos zagueiros holandeses em pânico nos conhecidos contra-ataques. Pecou em não ampliar o placar, faria falta depois...


Na segunda etapa, como era de se esperar, a Holanda novamente foi à frente em busca do resultado, ai contou com a sorte de achar um gol logo no começo, falta de comunicação e falha conjunta de Júlio César, que saiu mal, e Felipe Melo (sempre ele!) que cabeceou contra para um gol, tudo isto em um cruzamento de Sneijder que não daria em nada.


Depois disso, a tranqüilidade holandesa falou mais alto, a equipe estava muito melhor no jogo e a virada parecia questão de tempo, e veio numa cobrança de escanteio, belíssima jogada ensaiada: Kuyt saiu do bolo raspou de cabeça, matando a marcação, a bola foi certa na cabeça de Sneijder (o outro nome do jogo), livre.


A partir daí faltaram duas coisas: Cabeça para o time que talvez nunca pensasse em uma situação adversa. Muito errado, não se pode garantir-se em um placar magro contra um time de qualidade igual, e nessas horas o trio de Dunga: Kaká, Robinho e Luis Fabiano não resolveram. Mas para mim, o pior, faltou algo que todos temiam, e o que me fez nunca concordar com a “filosofia Dunga”, faltou algo para mudar o jogo que viesse do banco, Dunga preferiu a fidelidade ao talento, olhou para trás e não viu nada demais, o Brasil estava literalmente com o que tinha de melhor em campo.


Depois do segundo gol holandês, ainda ocorreu outra coisa que todos sabiam, e ao mesmo tempo todos temiam, Felipe Melo fez o que costuma fazer, o pavio curto acabou e ele foi como um trator na perna de Robben, resultado, expulso para tudo ficar pior. Um jogador, que veio em péssima fase, e que poderia ter sido marcado belo passe para o gol, mas preferiu fazer o que lhe é característico.


Vejo essa seleção da Era-Dunga, como uma das seleções com melhor defesa que o Brasil levou a uma Copa, mas uma das seleções com menos qualidade que já foi ao Mundial, literalmente a antitese do futebol brasileiro. Mas ele acertou também, alguns nomes que tanto reclamam não mereciam ir, na minha opinião, e o sistema de treinos fechados é muito melhor que a festa de 2006, além, claro, de os resultados gerais terem sido inquestionáveis.


Também não se pode dizer que quem estava lá não deu o melhor de si, lutaram muito, mas faltou a qualidade que o técnico abdicou, mais uma diferença de 2006.


Costumam comparar Dunga a Maradona, dois técnicos que caíram na mesma fase e foram treinar sem experiência nenhuma, mas pelo menos o argentino pode dizer que levou o melhor que tinha...



foto: Reuters

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Copa do Imprevisível

A Copa está entrando nos seus momentos finais, um exemplo disso é que tivemos esta quarta e quinta sem jogos, depois de 18 dias diretos com 2/3 partidas ao dia.

Costumo dizer que agora começa a Copa imprevisivel, digo isto porquê nas duas fases anteriores temos as apostas cantadas, naquele "grande", favorito, em quem foi primeiro lugar do grupo... Salvo raras exceções. Agora não, temos jogaços imprevisiveis, e alguns previsiveis também... Mas são minoria.

Vamos as análises:

QUARTAS DE FINAL

02/07 Holanda x Brasil - Começamos a sexta logo com esse jogão de causar ataque cardiaco em qualquer um! O confronto é muito equilibrado, o Brasil que vem mostrando evolução depois da partida contra o Chile, mesmo não tendo sido uma partida dos sonhos, tem em seu ponto forte a defesa, pra mim a melhor do mundo se tratando de seleções: Lúcio, Juan e Maicon em fases espetaculares, e Júlio César, que não foi muito exigido até agora, passa total segurança. Até Michel Bastos, que começou timido, mostrou melhoras na última partida. Gilberto Silva também vêm muito bem.
No quesito ofensividade, a tática é a de sempre, esperar que os holandeses saiam pra apostar na rapidez do contra-ataque, do contrário, vai ser de sofrer. Para piorar vamos sem Ramires, Elano e Felipe Melo, o terrivel, jogadores que vinham ajudando na saida de bola e rapidez, o meio campo deve ir de Daniel Alves, que não vêm brilhando, e do sempre burocrático Josué. Mas Dunga preferiu assim...
A Holanda tem um time equilibrado na minha opinião, a defesa não é tão boa quanto a brasileira, toma sustos, mas o goleiro Stekelenburg é um dos melhores do Mundial. O meio é inquestionável, e a Seleção tem que ter cuidado para não provar do próprio veneno: a qualidade de Sneijder em um contra-ataque é "cerebral" como mostra o primeiro gol contra a Eslováquia, além de ter o privilégio de contar com Robben e Van Persie lá na frente, qualquer brecha pode jogar a classificação fora. E eu não aposto em ninguém, é muito equilibrio!

02/07 Uruguai x Gana - Dessa partida sai o adversário do Brasil, se passar. Confronto equilibrado quase que da mesma forma, só que com menos grife, comparando com o primeiro. Gana é a seleção mais equilibrada da África, nenhum grande craque, mas qualidade em todas as posições, e isso é o segredo do sucesso, um futebol burocrático, mas suficiente para alcançar as vitórias.
O Uruguai vem embalado, cresceu muito na competição, e foi derrotando as desconfianças uma a uma, hoje a tradicional equipe está na melhor fase dos últimos 40 anos, a um passo de estar entre os 4 melhores, coisa que já conheceu muito bem no passado, a força é a defesa segura e o ataque com Suárez, que despertou e Forlán. E eu aposto neles, pela América do Sul, pelo renascimento de um bicampeão mundial, pela tradição nas semifinais!

03/07 Alemanha x Argentina - Outro jogaço com todas as letras, daqueles que quem perder vai se culpar por toda a vida. Jogo do melhor futebol da Copa, das seleções que mais encantarame e que foram beneficiadas pelos erros bizarros das oitavas, mas mesmo assim foi feita a justiça, e os melhores passaram não concordam?
Os germânicos tem uma equipe mais equilibrada que os argentinos, na minha visão, todos os setores tem qualidade e não comprometem, já os hermanos, apesar do ataque mortal e a qualidade de Messi, sofrem com uma defesa inteira que não passa confiança, isto combinado ao estilo alemão de um contra-ataque rápido e tão eficiente quanto o brasileiro, como se viu contra a Inglaterra, pode complicar para eles.
E ainda me atrevo a dizer que o jovem meio alemão é melhor no geral, Shweinsteiger, Müller e principalmente a jóia rara Özil tem feito a diferença. Não é brasileirismo, gosto da seleção argentina, mas constato uma leve superioridade alemã. Mesmo assim fico em cima do muro, é confronto grande, e quem passar é sérissimo candidado a ficar com o titulo.

03/07 Espanha x Paraguai - Este é o único jogo que destoa, pois tem um favorito aparente, o Paraguai pode e deve dar trabalho, mas não tem como não apostar na Espanha, que passado o primeiro susto, se recuperou e está onde deveria estar, lutando pelo titulo com seu futebol bonito, paciente e eficiente.
Os paraguaios tem uma defesa forte, só levou 1 gol até agora, mas ao mesmo tempo sofre com o ataque, só marcou 3 gols em 4 jogos. Os espanhóis têm em sua força o seu meio de fazer inveja, e um David Villa, em fase espetacular, decidindo com bolas na rede, fez 4 dos 5 gols da Fúria na competição.

Agora fica a expectativa, vamos ver o que vai dar!